Mostrando postagens com marcador Disciplina e Liturgia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Disciplina e Liturgia. Mostrar todas as postagens

domingo, 20 de maio de 2012

Acrescimo na Liturgia?

Este estudo é baseado no artigo "Mitos Litúrgicos", que escrevi e foi revisado por Sua Excelência Reverendíssima Antonio Carlos Rossi Keller, Bispo da Diocese de Frederico Westphalen (RS). O artigo lista 32 idéias equivocadas sobre a Sagrada Liturgia e contra-argumento com a palavra oficial da Santa Igreja. Foi publicado em Fevereiro de 2009 e pode ser lido na íntegra em:

http://www.salvemaliturgia.com/2009/04/mitos-liturgicos.html


Nesta vigésima sexta postagem, postamos o Mito 26, juntamente com um comentário atual a respeito, aprofundando o assunto.

--------

Mito 26: "Pode-se fazer tudo o que o Missal não proíbe"

Não se pode.

O Concílio Vaticano II proíbe acréscimos na Sagrada Liturgia, como foi dito acima (Sacrossanctum Concílium, n.22). A interpretação do Missal é estrita: assim, na Santa Missa, faz-se somente o que o Missal determina e nada mais do que isso.

Esta é uma diferença entre a Santa Missa e os grupos de oração, os encontros de evangelização e outros momentos fora da Sagrada Liturgia, onde pode-se usar de uma espontaneidade que não tem lugar dentro da Missa.

O Rito, por sua própria essência, prima pela unidade. Diz a Instrução Redemptionis Sacramentum (n.11) :

"O Mistério da Eucaristia é demasiado grande «para que alguém possa permitir tratá-lo ao seu arbítrio pessoal, pois não respeitaria nem seu caráter sagrado, nem sua dimensão universal. Quem age contra isto, cedendo às suas próprias inspirações, embora seja sacerdote, atenta contra a unidade substancial do Rito romano, que se deve cuidar com decisão (...) Além disso, introduzem na mesma celebração da Eucaristia elementos de discórdia e de deformação, quando ela tem, por sua própria natureza e de forma eminente, de significar e de realizar admiravelmente a Comunhão com a vida divina e a unidade do povo de Deus."

Também o Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, juntamente o Messori, no livro "A Fé em Crise?", publicado em 1985, afirma:

"A liturgia não vive de surpresas `simpáticas', de intervenções `cativantes', mas de repetições solenes (...) Também por isso ela deve ser `predeterminada', `imperturbável', porque através do rito se manifesta a santidade de Deus. Ao contrário, a revolta contra aquilo que foi chamado `a velha rigidez rubricista', (...) arrastou a liturgia ao vórtice do `faça-você-mesmo', banalizando-a, porque reduzindo-a à nossa medíocre medida"

---------

Comentário sobre este Mito (13/11):

Conta-se que um sacerdote, conhecida por celebrar suas Missas de um jeito que só ele celebrava, chegou para celebrar em uma Paróquia e falou ao acólito:

- Hoje vou celebrar diferente!

E o acólito, com a maior naturalidade possível, perguntou:

- Vai seguir o Missal?

É um caso fictício, mas que expressa muito do que acontece em muitas Paróquias e Comunidades: as alterações no Rito (como falamos na postagem anterior desta série) e os acréscimos que não estão previstos nele tornam, muitas vezes, a Missa em cada lugar de um jeito diferente.

Muitos hoje, embora defendam que se faça o que Missal determina, acrescentam na celebração elementos e partes que o Missal não prevê (procissões inexistentes, teatro, etc), defendem a idéia de que:

"Se não está proibido, então pode".

Esta argumentação é equivocada, pois a interpretação do Missal é estrita:
assim, na Santa Missa, faz-se somente o que o Missal determina e nada mais do
que isso.

Neste sentido, o próprio Concílio Vaticano II, na Constituição Sacrossanctum Concilium (n.22), determina:

"Ninguém mais, absolutamente, mesmo que seja sacerdote, ouse, por sua iniciativa, ACRESCENTAR, suprimir ou mudar seja o que for em matéria litúrgica."

Também o próprio Código de Direito Canônico (n. 846):

"Na celebração dos Sacramentos, sigam-se fielmente os livros litúrgicos aprovados pela autoridade competente; portanto, NINGUÉM ACRESCENTE, suprima ou altera coisa aguma neles, por própria iniciativa."

Por isso esta, como falamos anteriormente, diferença entre a Santa Missa e os grupos de oração, os encontros de evangelização e outros momentos fora da Sagrada Liturgia, onde pode-se usar de uma espontaneidade que não tem lugar dentro da Missa.

Pois Nosso Senhor Jesus Cristo está presente verdadeiramente no Santíssimo Sacramento do Altar, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, nas aparências do pão e do vinho, como afirma o Catecismo da Igreja Católica (Cat.), nos números 1374-1377. Ele se faz presente durante a Santa Missa, que é a renovação do Seu Único e Eterno Sacrifício, consumado de uma vez por todas na cruz e tornado presente no altar, pelas mãos do sacerdote (Cat. 1362-1372; 1411). A Santa Igreja, tendo recebida a autoridade do próprio Senhor (n. 553), zela, em suas normas litúrgicas, para que a essência da Liturgia seja conservada e para que as Verdades da Fé Católica sejam evidenciadas nela.

Sobre esta questão da "criatividade litúrgica", o Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, no seu maravilhoso livro "Introdução ao Espírito da Liturgia", afirma:

“...a Verdadeira Liturgia pressupõe que Deus responde e expõe o modo de ser venerado. (...) Ela não pode ser fruto da nossa fantasia e criatividade – pois assim, seria apenas um grito na escuridão ou simplesmente a afirmação de nós próprios. A Liturgia pressupõe algo de concreto diante de nós, algo que se nos revela, indicando o percurso da nossa existência.”

E ainda, diz o Papa:

"Só o respeito pela precedência e pela definição essencial da Liturgia pode proporcionar-nos aquilo que esperamos dela: a celebração da magnitude que se aproxima de nós, que não é arquitetada por nós e que se nos oferece. Isto significa que a criatividade nunca pode ser uma categoria autêntica do litúrgico."

Continua o Papa:

"De qualquer maneira, há-de se mencionar que a palavra criatividade cresceu na visão marxista de mundo. A criatividade significa que, num mundo sem sentido, nascido de uma evolução cega, o homem constrói um mundo novo e melhor. (...) Esse gênero de força criadora não tem lugar na Liturgia, pois ela não se alimenta de idéias de indivíduos ou de grupos de planejamento. ela é simplesmente o ingresso verdadeiramente libertador de Deus no nosso mundo. Só ele pode abrir a porta para o exterior. Quanto mais os sacerdotes e fiéis se entregarem humildemente a esse ingresso de Deus, tanto mais nova, mais pessoa e mais verdade ela sempre será. Pois a Liturgia não se tornará nova, pessoal e verdadeira através de invenções de palavras e brincadeiras banais, mas sim pela coragem dos que se põem a caminho para lançar o Imenso; aquilo que, através do Rito, desde sempre nos precedeu e que nós nunca conseguimos apanhar."

O Papa faz ainda uma comparação tremenda dos abusos litúrgicos com a idolatria do bezerro de ouro no Antigo Testamento (Êxodo 32):

“A história do bezerro de ouro alerta para um culto autocrático e egoísta em que, no fundo, não se faz questão de Deus, mas sim em criar um pequeno mundo alternativo por conta própria. Aí, então, é que a Liturgia se torna mera brincadeira. Ou pior: ela significa o abandono do Deus verdadeiro, disfarçado debaixo de um tampo sacro. Mas, assim, o que resta no fim é a frustração, a sensação do vazio. Já não se faz sentir aquela experiência de liberdade, que acontece em todo o lado onde haja encontro com Deus vivo.”

Citamos também, complementando as sábias palavras do Papa, as palavras de duas autoridades litúrgicas que muito tem nos acompanhado em nosso blog: Dom Antonio Keller (Bispo de Frederico Westphalem-RS) e Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior (da Arquidiocese de Cuiabá-MT)

Dom Antonio Keller, em sua entrevista concendida ao ano passado ao nosso blog, explicou:

"As pessoas tem necessidades humanas de afeto, de encontro, de até festejar junto, ou de chorar junto. O erro não é a necessidade de fraternidade, de acolhida, de comemorações, etc.... O erro é querer fazer isto na Santa Missa, usando-a com finalidades incoerentes com os seus verdadeiros fins."

Também Pe. Paulo Ricardo, em sua entrevista concedida ao nosso blog, falou:

"Nós vemos que, de alguma forma, entrou dentro do processo litúrgico da Igreja Católica uma mentalidade estranha e alheia a Igreja, que nós poderíamos chamar de mentalidade revolucionária, onde as pessoas fazem a Liturgia subjetiva, a partir dos seus gostos, de suas veleidades subjetivas."

Pe. Paulo diz ainda:

"Sem duvida alguma, aquilo de negativo que nós encontramos na atual vida litúrgica do Brasil, é fruto de um processo revolucionário. Mais uma vez eu gostaria de enfatizar o que é a mentalidade revolucionária:a mente revolucionária é aquela que está muito convencida da verdade das suas idéias, e quer impor ao mundo as suas idéias. Os liturgos revolucionários no Brasil tem a tendência de confeccionar uma liturgia mental, o ideal daquilo que seria a Liturgia para eles. E então aplicar essa idéia de Liturgia na prática. Ora, pouco importa que a matriz revolucionária desses pensamentos seja marxista, da Teologia da Libertação, modernista ou liberal; trata-se sempre de um único e mesmo mecanismo. O liturgista se propõe como demiurgo da Liturgia. Ele faz, ele cria, nesse sentido esses liturgistas que pretendem ser tão democráticos, na verdade, não passam de déspotas porque impõem a assembléia litúrgica as suas idéias de Liturgia."

Pe. Paulo conclui:

"Nada de mais anti-democratico do que um liturgista revolucionário ou uma equipe litúrgica revolucionaria, que é uma pequena elite que impõe ditatorialmente ao povo de Deus as suas concepções de Liturgia. E o Direito Canônico diz claramente que o povo de Deus tem direito de receber dos seus Sagrados Pastores a Liturgia da Igreja."

Portato, uma equipe de Liturgia que altere a Liturgia conforme seus gostos, embora muitas vezes fale em "unidade", "pluralismo", "democratizar", comete não só um ato de desobediência as normas litúrgicas, mas também um ato de depostismo contra o povo de Deus e contra o direitos dos fiéis.

Vejamos o que diz sobre isso a Constituição Redemptionis Sacramentum (n. 12):

..."todos os fiéis cristãos gozam do DIREITO de celebrar uma liturgia verdadeira, especialmente a celebração da santa Missa, que seja tal como a Igreja tem querido e estabelecido, como está prescrito nos livros litúrgicos e nas outras leis e normas. Além disso, o povo católico tem direito a que se celebre por ele, de forma íntegra, o Santo Sacrifício da Missa, conforme toda a essência do Magistério da Igreja. Finalmente, a comunidade católica tem direito a que de tal modo se realize para ela a celebração da Santíssima Eucaristia, que apareça verdadeiramente como sacramento de unidade, excluindo absolutamente todos os defeitos e gestos que possam manifestar divisões e facções na Igreja."

Consequências desses abusos é que em muitos lugares não se tem Missas iguais. Escolhe-se qual paróquia e horário se vai pelo "jeito" que se quer a Missa. Enquanto, nessa questão do Rito, como afirmam os documentos da Santa Igreja, deveria-se primar pela UNIDADE, seja a paróquia que for, a cidade que for, ou o país que for.

É Rito Romano, é Rito Romano. Ponto.

Deseja-se algo diferente? Aí é no grupo de oração ou no encontro de evangelização.

Interessante que, conforme o Papa fala nas primeiras citaçõs que colocamos nesta postagem, o Rito da Missa se compõe de "repetições solenes" e a Liturgia deve ser "prederminada".

Ou seja, querer inserir atitudes expontâneas no Rito da Missa atenta contra a própria natureza do Rito. A essência do Rito se dá exatamente pela sua pré-determinação! E isso é um princípio norteador da Sagrada Liturgia.

Por isso, inserir outras ações não previstas pelo Rito, dentro da Santa Missa, é algo que atenta contra a Liturgia.

Vejamos que há também algo de muito PASTORAL nisso tudo: quando se faz uma alterações ou acréscimos na Liturgia, além de desobecer as normas litúrgicas, e mesmo quando este acréscimo é feito com a finalidade de agradar os fiéis, nunca uma mudança poderá agradar a todos. Sempre agradará alguns e desagradará a todos.

Vemos nisso a divisão que é criada, dentro daquilo que a Santa Igreja tem de mais Sagrado, onde deveria haver a unidade, que é a Sagrada Liturgia!

E da parte dos fiéis, eles tem o direito de ter a Liturgia conforme a Santa Igreja quer, como citamos acima (Redemptionis Sacramentum, n. 12).

Vejo que essa distinção que falamos, entre "Santa Missa e grupo de oração", ou "Santa Missa e encontro de evangelização", apesar de ser algo objetivamente simples, é algo que muitos tem uma dificuldade de assimilar.

Talvez a resistência para isso seja o fato de muitos quererem fugir de uma "sacralidade" ao tratar a Missa; sacralidade esta que consideram ultrapassada e sem necessidade, mas que torna-se evidente a sua importância partindo-se daquilo que é a Santa Missa: Renovação do Santo Sacrifício de Nosso Senhor (Cat. 1362-1372; 1411).

Voltemos, então, continuamente aos princípios básicos da catequese Litúrgica Católica.

E vejamos que, em nosso ato de obediência as normas litúrgicos, NÃO há um ato meramente legalista, mas sim, que temos um SENTIDO. fascinante, por trás de tudo.

E mostremos, nesse processo, a necessidade da obediência à Santa Igreja como sendo a obediência ao próprio Deus. O Catecismo da Igreja Católica explica que "o poder de ligar e desligar" significa a autoridade de absolver os pecados, pronunciar juízos doutrinais e tomar decisões disciplinares na Igreja." (n. 553)

O Prof. Carlos Ramalhete, uma das grandes mentes católicas do nosso país, já há anos atrás lançou a campanha "Faça o vermelho, leia o preto".

Explico o sentido: os livros litúrgicos têm as rubricas (normas que precisam ser seguidas na celebração) escrita em vermelho, e o texto que deve ser lido em preto.

Nada mais, nada menos do que isso.

A Campanha já está sendo divulgada em nosso blog há alguns meses, juntamente com o adesivo dela.

Gostaria de retomar também este vídeo, de minha participação no programa Escola da Fé, do Prof. Felipe Aquino, na TV Canção Nova, onde tivemos a oportunidade de falar um pouco a respeito deste assunto:




Nas aparições da Santíssima Virgem em Fátima (Portugal, 1917), oficialmente aprovadas pela Santa Igreja, quando o Anjo apareceu para as crianças, antes da Virgem aparecer, ele trazia consigo uma Hóstia Consagrada. Prostrando-se por terra, ensinou a elas a seguinte oração:

"Meu Deus: eu creio, adoro, espero-vos e amo-vos. Peço-vos perdão por aqueles que não crêem, não adoram, não esperam e não vos amam."

Que a Grande Mãe de Deus, Mãe da Eucaristia, pela Sua Poderosa Intercessão, nos conceda a graça de crer, adorar, amar e zelar pelo Santíssimo Corpo do Deus-Amor Sacramentado, pelo Santo Sacrifício da Missa e pela Sagrada Liturgia da Igreja...
Leia também:

Mitos Litúrgicos Comentados - Mito 28: Farisaísmo?


Este estudo é baseado no artigo "Mitos Litúrgicos", que escrevi e foi revisado por Sua Excelência Reverendíssima Antonio Carlos Rossi Keller, Bispo da Diocese de Frederico Westphalen (RS). O artigo lista 32 idéias equivocadas sobre a Sagrada Liturgia e contra-argumento com a palavra oficial da Santa Igreja. Foi publicado em Fevereiro de 2009 e pode ser lido na íntegra em:  Fonte

Nesta vigésima oitava postagem, postamos o Mito 28, juntamente com um comentário atual a respeito, aprofundando o assunto.

-------

Mito 28: "Procurar obedecer à leis é farisaísmo"

Não é, se essas leis forem leis instituídas por Deus ou por quem Deus delega tal
poder.

O que Nosso Senhor censurou nos fariseus NÃO foi a preocupação em obedecer em santas leis de Deus. O próprio Senhor disse:

"Se guardardes os Meus Mandamentos, sereis constantes no Meu Amor, como também Eu guardei os Mandamentos de Meu Pai e persisto no Seu Amor." (Jo 15, 10-11)

E ainda:

"Não julgueis que vim abolir a lei e os profetas. Não vim para abolir, mas sim para levá-los à perfeição. Pois em verdades vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um
traço da lei. Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aqueles que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus." (Mt 5, 17-19)

A lei divina precisa ser obedecida. Os erros que Nosso Senhor condenou nos fariseus foram dois: o fato de eles ensinarem uma coisa e viverem outra ("Este povo somente Me honra com os lábios; mas seu coração está longe de Mim" – Mc 7,6); e o fato de eles interpretarem a lei de forma errada em algumas ocasiões ("Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens" – Mc 7,8), como no caso da proibição deles em relação às curas realizadas em dia de Sábado.

Não existe distinção entre obedecer diretamente a Deus e obedecer a lei da Santa Igreja. Nosso Senhor confiou a São Pedro, o primeiro Papa (Mateus 16,18-19), o poder de ligar e desligar. O Catecismo da Igreja Católica explica que "o poder de ligar e desligar" significa a autoridade de absolver os pecados, pronunciar juízos doutrinais e tomar decisões disciplinares na Igreja." (n. 553) Por isso, recusa de sujeição à lei da Santa Igreja é pecado contra o 1º mandamento (Cat.,
n. 2088-2089)

Obedecer à lei da Santa Igreja é obedecer à Deus; obedecer à Deus é obedecer também a lei da Santa Igreja.

---------

Comentário sobre este Mito (28/11):

Muitos de nós, que zelemos pela defesa da doutrina católica, das normas litúrgicas e do esplendor litúrgico, acabamos sendo rotulados de "fariseus".

Depois dos esclarecimentos que prestamos acima, fica evidente que tais acusadores NÃO tem RAZÃO; mas tem RAZÕES.

Explico:

Vejamos o que disse Nosso Senhor:

"Vós, fariseus, limpais o que está por fora do vaso e do prato, mas o vosso interior está cheio de roubo e maldade. Insensatos!" (Lc 11, 39-40)

Existe um "farisaísmo moderno" que é, a pretexto de uma grande (e necessária!) valorização dos atos externos da Sagrada Liturgia (da correta doutrina a respeito da Santa Missa como Renovação do Santo Sacrifício de Nosso Senhor, da Presença Real de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento, do Sacerdócio - ver Catecismo da Igreja Católica, n. n. 1667-1673; 1362-1377; 1411), da obediência às normas litúrgicas, do dobrar os joelhos nos momentos adequados, da bela ornamentação do espaço sagrado e do altar, do incenso, do latim, do canto gregoriano, de se vestir adequadamente para participar da Santa Missa, do uso do véu por parte das mulheres, e assim por diante...elementos estes necessários de serem valorizados!), cair em uma certa indiferença ou desleixo em relação à disposição interior e à vida espiritual.

Então, corre-se os perigos de:

• Falar-se (e com razão!), que Nosso Senhor está verdadeiramente e substancialmente presente na Hóstia Consagrada...mas não haver dedicação a permanecer alguns momentos em adoração!

• Falar-se (e com razão!) do valor infinito e desconcertante do que a Santa Missa é a Renovação do Santo Sacrifício de Nosso Senhor, através do qual Ele paga pelos nossos pecados...mas não haver esforço em combater os pecados pessoais!

• Falar-se (e com razão!) da necessidade de se ajoelhar na Consagração e do valor de receber o Corpo de Deus de joelhos e diretamente na boca...mas não dobrar-se verdadeiramente o coração diante de Deus, através de uma vida em que Deus seja verdadeiramente o centro!

• Falar-se (e com razão!) da necessidade se utilizar vasos sagrados (cibório, cálice...) de materiais nobres e artisticamente belos para acolher o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor...mas não haver verdadeiro empenho em acolher Nosso Senhor na própria alma, de forma apaixonada, com verdadeira adoração, amor profundo, carinho e bons propósitos!

• Falar-se (e com razão!) do vestir-se de forma decente e adequada para participar da Santa Missa, e inclusive do uso do véu pelas mulheres...mas não haver esforço profundo para viver a virtude da pureza em atos e pensamentos!

• Falar-se (e com razão!) da necessidade de se obedecer as normas litúrgicas promulgadas pela Santa Igreja...mas não haver esforço em obedecer a Deus através de uma busca completa de fidelidade a Ele!

• Falar-se (e com razão!) do preceito que a Santa Igreja instituiu para os católicos participarem da Missa Dominical inteira...porém, cumprir-se o preceito, mas não o “espírito” dele: sem amor profundo pelo Santo Sacrifício da Missa...e nem se cogitar participar da Santa Missa em dias cuja a participação não é preceituada!

• Falar-se (e com razão!) do valor da Santa Missa celebrada com beleza, esplendor e solenidade para que se manifeste ao mundo a grandeza do que é celebrado no altar...mas não se amar as almas verdadeiramente a ponto de se doar pela salvação delas em oração, penitência e apostolado!

• Ler-se (e com razão!) o Catecismo da Igreja Católica, o Código de Direito Canônico e outros documentos, livros e escritos sobre a doutrina, a disciplina e a liturgia católica...mas não haver interesse em ler os grandes autores da vida espiritual que a Santa Igreja tem, e por isso desconhecer a real beleza de uma vida de fidelidade a Deus, e os meios para trilhar esse caminho!

Dom Antonio Keller, Bispo de Frederico Westphalen-RS, em sua entrevista concedida ao nosso blog, falou desta realidade da seguinte forma:

“Sem autêntica vida espiritual, ou seja, para a Liturgia, sem a autêntica interioridade, a Liturgia torna-se tão somente ritualismo farisaico. Metros e metros de pano, quilos e quilos de incenso, etc.. não servem para nada quando não existe um apaixonado amor a Cristo, a Sua Igreja e a Seu Povo. Vejo com esperança toda esta movimentação em relação à busca de uma Liturgia mais fiel à normativa da Igreja, mas penso que isto só não seja suficiente para uma autêntica renovação eclesial: precisamos não somente de gente que celebre ou que participe da Liturgia bem celebrada... Precisamos de gente SANTA que celebre e participe bem da Liturgia bem celebrada.”

E mais adiante, diz Dom Antonio ao final da entrevista:

“Quero dizer aos leitores que procurem, antes de tudo, viver a Liturgia, com interioridade e atenção. Repito o que já anteriormente disse: a autêntica participação na Liturgia exige interioridade, alma, amor a Deus. Vivamos a Liturgia não só na sua exterioridade tão bonita e necessária, mas principalmente, no que ela realiza de ato de amor a Deus.”

Também o Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, da Arquidioce de Cuiabá-MT e amigo do Salvem a Liturgia, eu sua entrevista concedida ao nosso blog, tocou neste assunto, quando perguntado:

"Alguns padres mais novos começam a vestir batina, a usar clergyman, a celebrar com decoro, a se interessar pelo latim, pela forma ordinária bem celebrada (inclusive com latim e canto gregoriano), pela Missa Tridentina. Também leigos bem formados estão despertando e tomando iniciativas apostólicas para promover a Liturgia de acordo com o que nos manda a Santa Igreja e conforme a tradição da Igreja. O que diz V. Revma. disso tudo?"
A resposta do Pe. Paulo Ricardo foi:
"Vejo com bons olhos porque vejo a boa vontade desses jovens. Embora deva admitir que é necessário que toda essa boa vontade seja acompanhada de uma boa formação espiritual. Porque toda esta embalagem precisa ser acompanhada de conteúdo. Quanto eu era seminarista, no final da década de 80, já se notava na Europa uma tendência de os seminaristas serem mais conservadores do que os seus próprios formadores dentro dos seus seminários. No entanto, muitas vezes, por falta de formação espiritual, de uma vida ascética de disciplina, esta boa vontade dos seminaristas caiu na vazies de uma vida incoerente com aquilo que se propunha. "
Pe. Paulo continua, apontando uma solução:
"Penso que é muito importante que o padre ame a sua batina, mas mais importante ainda é que ele honre a sua batina. Porque em alguns lugares tem tido um efeito devastador jovens sacerdotes se vestirem com a tradição e levarem uma vida moral em completo desrespeito com a Tradição. Por isso, vejo com bons olhos a boa vontade desses padres jovens e seminaristas, e ao mesmo tempo vejo com apreensão porque penso que é necessário dar a eles uma formação espiritual e ascética que corresponda a essa boa vontade. É aquilo que eu tentei fazer quando escrevi o meu livro sobre a Terapia das Doenças Espirituais."
Diante do todo o exposto, é evidente que a solução para este problema é uma autêntica ESPIRITUALIDADE LITÚRGICA!

É preciso haver não somente um zelo em defender a doutrina católica, o autêntico esplendor litúrgico da Santa Igreja e as normas litúrgicas. Claro que TAMBÉM isso, mas NÃO APENAS isso: é preciso desenvolver uma autêntica ESPIRITUALIDADE LITÚRGICA.

Ela se dá através do encontro não somente com uma doutrina, mas com uma Pessoa, que é Nosso Senhor Jesus Cristo. Diz o Santo Padre Bento XVI, logo no início da sua primeira encíclica, chamada “Deus Caritas Est”, que no “início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande idéia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo.” (n.1)

E um encontro pessoal com Nosso Senhor que, como exclama São Paulo, “me amou e se entregou POR MIM!” (Gl 2,20) É DEUS que, POR MIM (!), “aniquilou-se a si mesmo” (Fl 2,7), assumiu nossa condição humana (!) no Ventre imaculado da Santíssima Virgem; “tornando-se obediente até a morte e morte de cruz (Fl 2,8), POR MIM (!); se oferecendo continuamente ao Pai Eterno de forma mística no altar, pelas mãos do sacerdote, POR MIM (!); se fazendo presente verdadeiramente e substancialmente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, na Hóstia Consagrada, para chegar até MIM!

E São Paulo continua: “POR ISSO Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus SE DOBRE TODO O JOELHO no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para Glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor.” (Fl 2,9-11)

Como não se desconcertar totalmente com isso? Este encontro pessoal com Nosso Senhor é uma experiência única, que envolve a pessoa inteira: intelecto, emoções e comportamento.

A aparição da estrela que levou os Reis Magos a encontrar Nosso Senhor no presépio “os encheu de profunda alegria”. E a seguir, eles “entraram na casa, acharam o menino com Maria, Sua Mãe, prostraram-se diante Dele e O adoraram” (Mt 2,10-11). Esta é a alegria de ter Deus-Amor Sacramentado no altar! Viva Jesus!

Vivemos em uma crise de fé e moral, e em termos apostólicos, portanto, antes ainda de se falar da importância dos atos externos que a Sagrada Liturgia conserva e das normas litúrgicas, é preciso levar as pessoa a terem, pela fé, este encontro pessoal com Nosso Senhor. Isso dará sentido para todo o resto. É preciso anunciar o Santo Evangelho! E ele tem como centro o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor, que renova este Santo Sacrifício no altar e se faz Presença Eucarística junto de nós.

São João da Cruz, doutor da Santa Igreja, nos ensina que “amor se paga com amor”. São Luiz Maria Montfort nos ensina: "Jesus, nosso divino amigo, deu-se inteiramente a nós sem reserva, seu corpo e sua alma, suas virtudes, graças e méritos. (...) Ele ganhou-me inteiramente dando-se inteiramente a mim. A justiça e a gratidão exigem, portanto, que lhe demos tudo que pudermos. Foi Ele o primeiro a ser liberal para conosco; sejamos também nós generosos para com Ele."

Esta é a consequente busca da conversão interior que Nosso Senhor nos chama (“Convertei-vos e crede no Evangelho!”; Mc 1,15), que dará todo o sentido para os lindos e necessários atos externos que a Sagrada Liturgia conserva.

Algumas frases dos santos canonizados pela Santa Igreja alimentam a nossa alma:

"Toda a santidade e toda a perfeição de uma pessoa consiste em amar a Jesus Cristo, nosso Deus, nosso maior bem, nosso Salvador." (Santo Afonso Maria de Ligório, doutor da Santa Igreja)

"Ou nos afastamos do mal por medo do castigo, estando assim na posição de escravo; ou buscamos o atrativo na recompensa, assemelhando-nos aos mercenários, ou pelo bem em si mesmo e por amor de quem manda que nós obedeçamos." (São Basílio Magno)

"O Amor não é amado!" (São Francisco de Assis)

"Deus tem sede de que nós tenhamos sede Dele." (Santo Agostinho, doutor da Santa Igreja)

"A alma do justo é nada menos que um paraíso, onde o Senhor, como Ele mesmo diz, acha suas delícias." (Santa Teresa De Ávila, doutora da Santa Igreja)

"Não é para ficar (somente) no cibório de ouro que Jesus desce todos os dias do céu, mas para encontrar outro céu que lhe é intimamente mais caro que o primeiro: o céu da nossa alma, feita à imagem dele, o templo vivo da adorável Trindade." (Santa Teresinha do Menino Jesus, doutora da Santa Igreja)

"Eis o Coração que tanto tem amado os homens, que a nada tem se poupado até se esgotar e consumir para testemunhar-lhes o seu amor; e em reconhecimento não recebo da maior parte deles senão ingratidões por meio das irreverências e sacrilégios, tibiezas e desprezo que usam para comigo neste Sacramento de amor. E o que mais me custa é serem corações a mim consagrados os que assim me tratam." (Jesus a Santa Maria Margarida Alacoque)

"Quando você for comungar, deseje todo aquele amor que jamais um coração teve para Comigo, e eu receberei este amor como você gostaria que fosse" (Jesus a Santa Matilde)

Que conclusão tiramos disso tudo?

É importante, então, para compreendermos aquilo que NÃO É o farisaísmo, compreendermos aquilo que É o farisaísmo.

Nesse sentido, existem duas distorções litúrgicas que precisam ser evitadas:

Uma delas é superestimar as atitudes internas em detrimento das externas. Muitos justificam esse equívoco afirmando que "o que importa é o coração" A estes, vale lembrar que aqui não cabe a aplicação deste princípio, pois isso implicaria colocar-se em contraposição com grande parte das normas litúrgicas da Santa Igreja, bem como com os diversos sinais e símbolos litúrgicos (paramentos, velas, flores, incenso, gestos do corpo, e assim por diante...), que partem da necessidade de se manifestar com sinais externos a fé católica a respeito do que acontece no Santo Sacrifício da Missa, bem como manifestar externamente a honra devida a Deus.

A atitude interna é fundamental, mas desprezar as atitudes externas é um erro. Por exemplo: ensina-nos o Sagrado Magistério da Santa Igreja que Nosso Senhor Jesus Cristo está presente verdadeiramente e sibstancialmente no Santíssimo Sacramento do Altar, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, nas aparências do pão e do vinho, como afirma o Catecismo da Igreja Católica (Cat.), nos números 1374-1377; e que Ele se faz presente durante a Santa Missa, que é a renovação do Seu Único e Eterno Sacrifício, consumado de uma vez por todas na cruz e tornado presente no altar, pelas mãos do sacerdote (Cat. 1362-1372; 1411). Mas como vamos convencer o mundo disso, se em ATOS EXTERNOS tratarmos a Hóstia Consagrada como um alimento qualquer?

A este respeito, escreveu o saudoso Papa João Paulo II: "De modo particular torna-se necessário cultivar, tanto na celebração da Missa como no culto eucarístico fora dela, uma consciência viva da Presença Real de Cristo, tendo o cuidado de testemunhá-la com o tom da voz, os gestos, os movimentos, o comportamento no seu todo. (...) Numa palavra, é necessário que todo o modo de tratar a Eucaristia por parte dos ministros e dos fiéis seja caracterizado por um respeito extremo." (Mane Nobiscum Domine, n. 18)
A outra distorção possível é o oposto desta: superestimar as atitudes externas em detrimento das internas; se esta distorção for algo radicalizada, é um erro pior ainda que o citado acima, podendo se tornar inclusive uma fonte de pecado - pode ser o caso de quem faz uma genuflexão com cuidado externo, para mostrar “como sou santo”, ao invés de fazê-la para honrar Jesus Eucarístico. O ato externo é necessário, mas pelos MOTIVOS CERTOS!
Concluímos esta postagem com as palavras do Pe. Paulo Ricardo, na nossa citada entrevista.
O Pe. Paulo Ricardo, na mencionada entrevista, foi perguntado:
"Aos que querem a Missa mais sóbria, de acordo com as normas, com incenso, latim, paramentos bonitos, logo se lhes acusam de "rubricistas" ou de "obtusos", "antiquados" e até de "fariseus". Dizem que a Missa tem que ser "alegre", com improvisação, sem se prender a fórmulas. Alegam que pra Jesus, “o que importa é o coração, é o interior”. Como responder a tudo isso?"
Pe. Paulo respondeu:
"Unum facere et alium non omittere. Fazer uma coisa e não omitir a outra. Ou seja, observar as normas litúrgicas e obedecê-las não é algo que está divorciado com o coração. É necessário escolher as duas coisas. Obediência das normas e soprar sobre estas normas, que são letra morta, o Espírito com o qual elas foram elaboradas. O espírito que é uma verdadeira tradição espiritual da Igreja. Por isso, essa dicotomia é uma falsa alternativa. Seria como pedir a uma pessoa que escolhesse entre o corpo e a alma, dizendo a ela ou ela fica com a alma ou ela fica com o corpo. A única resposta possível é dizer: eu não escolho, eu fico com os dois. Eu fico com a norma litúrgica e fico com o coração.
E ainda, continha o Pe. Paulo:
"Existe uma idéia equivocada que pensa que o Evangelho é incompatível com a lei, ou seja, que o Espírito sopra onde quer e que uma lei só iria matar a verdadeira fidelidade ao Evangelho de Cristo. Mas esse idéia é equivocada. O Evangelho de Cristo é uma Palavra que me vincula. Quanto eu dou o meu assentimento de fé a Cristo, eu estou necessariamente vinculado a Palavra Dele, e portanto, na própria natureza do Evangelho e da resposta de fé, existe algo que me vincula e que me limita. Eu não posso trair a Palavra de Cristo. Eu não possa transformá-la em uma outra Palavra. Eu preciso aceitá-la, ser fiel a ela e transmiti-la como eu recebi. Isto que acontece com a Palavra deve acontecer também com o Sacramento. O que seria de nós, se nós disséssemos que eu preciso transmitir a Palavra de Deus com liberdade e criatividade? Terminaria que no curso de uma década, a Palavra de Deus pregada já não seria mais a Palavra de Cristo; talvez não seria nem necessário esperar uma década. A mesma coisa acontece com o Sacramento. O que me garante que o Sacramento que eu hoje celebro é o mesmo Sacramento do Cristo de 2000 anos atrás? É simplesmente o fato de que Ele deixou um Sacramento. E esse Sacramento me vincula, e eu preciso fazer de tudo para que esse Sacramento seja transmitido ao longo dos séculos tal qual ele é. Por isso, o Espírito, a liberdade e o Evangelho não são incompatíveis com a lei, a tradição e o vinculo necessário para que a Palavra e o Sacramento de Cristo seja os mesmos através dos séculos."
Nas aparições da Santíssima Virgem em Fátima (Portugal, 1917), oficialmente aprovadas pela Santa Igreja, quando o Anjo apareceu para as crianças, antes da Virgem aparecer, ele trazia consigo uma Hóstia Consagrada. Prostrando-se por terra, ensinou a elas a seguinte oração:

"Meu Deus: eu creio, adoro, espero-vos e amo-vos. Peço-vos perdão por aqueles que não crêem, não adoram, não esperam e não vos amam."

Que a Grande Mãe de Deus, Mãe da Eucaristia, pela Sua Poderosa Intercessão, nos conceda a graça de crer, adorar, amar e zelar pelo Santíssimo Corpo do Deus-Amor Sacramentado, pelo Santo Sacrifício da Missa, Sagrada Liturgia da Igreja e por uma autêntica espiritualidade litúrgica e vida de santidade...

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O Verdadeiro Ministro da Eucaristia é o Sacerdote.

SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ
SACERDOTIUM MINISTERIALE
CARTA AOS BISPOS DA IGREJA CATÓLICA
SOBRE ALGUMAS QUESTÕES RESPEITANTES
AO MINISTRO DA EUCARISTIA

I – INTRODUÇÃO
1. Quando o Concílio Vaticano II ensinou que o sacerdócio ministerial ou hierárquico difere essencialmente, e não apenas em grau, do sacerdócio comum dos fiéis, exprimiu a certeza de fé de que somente os Bispos e os Presbíteros podem realizar o Mistério eucarístico. Com afeito, embora todos os fiéis participem do único e idêntico Sacerdócio de Cristo, e concorram para a oblação da Eucaristia, só o Sacerdote ministerial está habilitado, em virtude do sacramento da Ordem, para realizar o Sacrifício eucarístico « in persona Christi » (personificando Cristo) e para o oferecer em nome de todo o Povo cristão.[1]
2. Nos últimos anos, porém, começaram a ser difundidas e, por vezes, a ser postas em prática opiniões que, negando estes ensinamentos, ferem no mais íntimo a vida da Igreja. Tais opiniões, divulgadas sob formas e com argumentos diversos, começam a aliciar os simples fiéis, quer pelo facto de se afirmar que elas possuem uma certa base científica, quer pelo facto de se apresentarem como solução para as necessidades do serviço pastoral das comunidades cristãs e da sua vida sacramental.
3. Por isso, esta Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, movida pelo desejo de prestar aos Pastores de almas os próprios serviços, com espírito de afecto colegial, propõe-se chamar a atenção, com a presente Carta, para alguns pontos essenciais da doutrina da Igreja acerca do Ministro da Eucaristia, os quais têm vindo a ser transmitidos pela Tradição viva e a ser expressos em precedentes documentos do Magistério.[2] Supondo aqui a visão integral do ministério sacerdotal, como é apresentada pelo Concílio Vaticano II, a Congregação considera urgente, na situação actual, uma intervenção esclarecedora sobre esta função essencial e peculiar do Sacerdote.
II – OPINIÕES ERRÓNEAS
1. Os fautores das novas opiniões afirmam que toda e qualquer comunidade cristã, pelo facto de se reunir em nome de Cristo e, portanto, de se beneficiar da sua presença (cf. Mt 18, 20), estaria dotada de todos os poderes que o Senhor quis conceder à sua Igreja.
Opinam ainda que a Igreja é apostólica no sentido de que todos aqueles que pelo santo Baptismo foram purificados e nela incorporados e tornados participantes do múnus sacerdotal, profético e real de Cristo, seriam também realmente sucessores dos Apóstolos. E uma vez que nos mesmos Apóstolos está prefigurada toda a Igreja, seguir-se-ia daí que também as palavras da instituição da Eucaristia, a eles dirigidas, seriam destinadas a todos.
2. Daqui se seguiria igualmente que, por muito necessário que seja para a boa ordem da Igreja o ministério dos Bispos e dos Presbíteros, ele não se diferenciaria do sacerdócio comum por um motivo de participação do Sacerdócio de Cristo no sentido estrito, mas somente em razão do exercício. O chamado ofício de dirigir a comunidade — o qual inclui também o múnus de pregar e de presidir à sagrada « Sinaxe » — seria um simples mandato conferido tendo em vista o bom funcionamento da mesma comunidade, mas não deveria ser « sacralizado ». O chamamento a tal ministério não acrescentaria uma nova capacidade « sacerdotal » no sentido estrito — e é por isso que a maior parte das vezes se evita até o termo « sacerdócio » — nem imprimiria um carácter que constitua alguém ontologicamente na condição de ministro, mas tão somente expressaria diante da comunidade que a capacidade inicial conferida no sacramento do Baptismo se torna efectiva.
3. Em virtude da apostolicidade da cada comunidade local, em que Cristo estaria presente não menos do que na estrutura episcopal; qualquer comunidade, por menor que seja se viesse a encontrar-se privada durante muito tempo daquele seu elemento constitutivo que é a Eucaristia, teria a possibilidade de « reapropriar-se » do seu poder originário e teria o direito de designar o próprio presidente e animador, outorgando-lhe todas as faculdades necessárias para ele passar a ser o guia da mesma comunidade, sem excluir a de presidir e de consagrar a Eucaristia. Ou então — afirma-se ainda — o próprio Deus não se recusaria a conceder, em semelhantes circunstâncias, mesmo sem o Sacramento, o poder que normalmente concede mediante a Ordenação sacramental.
Leva também à mesma conclusão o fato de que a celebração da Eucaristia muitas vezes é entendida simplesmente como um ato da comunidade local reunida para comemorar a Última Ceia do Senhor mediante a fração do pão. Seria, por conseguinte, mais um convívio fraterno, no qual a comunidade se reúne e se exprime, do que a renovação sacramental do Sacrifício de Cristo, cuja eficácia salvífica se estende a todos os homens, presentes e ausentes, vivos e defuntos.
4. Por outro lado, nalgumas regiões as opiniões errôneas sobre a necessidade de Ministros ordenados para a celebração da Eucaristia, induziram alguns a atribuir cada vez menor valor à catequese sobre os sacramentos da Ordem e da Eucaristia.
III – A DOUTRINA DA IGREJA
1. Embora sejam propostas de formas bastante diversas e matizadas, as referidas opiniões convergem todas na mesma conclusão: que o poder de realizar o sacramento da Eucaristia não está necessariamente ligado com a Ordenação sacramental. E é evidente que esta conclusão não pode coadunar-se de maneira nenhuma com a fé transmitida, dado que não só nega o poder confiado aos Sacerdotes, mas também deprecia toda a estrutura apostólica da Igreja e deforma a própria economia sacramental da Salvação.
2. Segundo o ensino da Igreja, a Palavra do Senhor e a Vida divina por Ele proporcionada estão destinadas, desde o princípio, a ser vividas e participadas num único corpo, que o próprio Senhor para si edifica ao longo dos séculos. Este corpo, que é a Igreja de Cristo, dotado continuamente por Ele com os dons dos ministérios « bem alimentado e bem coeso por meio de junturas e de ligamentos, recebe o desenvolvimento desejado por Deus » (Col 2, 19).[3] Esta estrutura ministerial na sagrada Tradição concretiza-se nos poderes outorgados aos Apóstolos e aos seus sucessores, de santificar, de ensinar e de governar em nome de Cristo.
A apostolicidade da Igreja não significa que todos os fiéis sejam Apóstolos,[4] nem sequer de um modo coletivo; e nenhuma comunidade tem o poder de conferir o ministério apostólico, que fundamentalmente é outorgado pelo próprio Senhor. Quando a Igreja se professa apostólica nos Símbolos da fé, portanto, exprime além da identidade doutrinal do seu ensino com o ensino dos Apóstolos, a realidade da continuação do múnus dos Apóstolos mediante a estrutura da sucessão, por meio da qual a missão apostólica deverá perdurar até ao fim dos séculos. [5]
Esta sucessão dos Apóstolos que faz com que toda a Igreja seja apostólica constitui parte da Tradição viva, que foi, desde o princípio, e continua a ser para a mesma Igreja a sua forma de vida. Por isso, afastam-se do reto caminho aqueles que opõem a esta Tradição viva algumas partes isoladas da Escritura, das quais pretendem deduzir o direito a outras estruturas.
3. A Igreja Católica, que cresceu no decorrer dos séculos e continua a crescer pela vida que lhe doou o Senhor com a efusão do Espírito Santo, manteve sempre a sua estrutura apostólica, sendo fiel à tradição dos Apóstolos, que nela vive e perdura. Ao impor as mãos aos eleitos com a invocação do Espírito Santo, ela está cônscia de administrar o poder do Senhor, o qual torna participantes de modo peculiar os Bispos, sucessores dos Apóstolos, da sua tríplice missão sacerdotal, profética e real. E os Bispos, por sua vez, conferem, em grau diferente, o ofício do seu ministério a diversos outros na Igreja.[6]
Portanto, ainda que todos os batizados possuam a mesma dignidade diante de Deus, na comunidade cristã, que o seu divino Fundador quis hierarquicamente estruturada, existem desde os seus primórdios poderes apostólicos específicos, que dimanam do sacramento da Ordem.
4. Entre estes poderes, que Cristo confiou de maneira exclusiva aos Apóstolos e aos seus sucessores, figura o de realizar a Eucaristia. Somente aos Bispos e aos Presbíteros, a quem os mesmos Bispos tornaram participantes do próprio ministério, está reservada a faculdade para renovar no Mistério eucarístico aquilo mesmo que Cristo fez na Última Ceia.[7]
A fim de poderem exercer as próprias funções, especialmente a tão importante função de realizar o Mistério eucarístico, Cristo Senhor marca espiritualmente aqueles que chama ao Episcopado e ao Presbiterado com um sigilo, chamado também, em documentos solenes do Magistério,[8] « caráter », e configura-os de tal modo consigo próprio que, ao pronunciarem as palavras da consagração não agem por mandato da comunidade, mas sim « in persona Christi », o que quer dizer algo mais do que « em nome de Cristo » ou « fazendo as vezes de Cristo » ... dado que o celebrante, por uma razão sacramental particular, se identifica com o « sumo e eterno Sacerdote », que é o Autor e o principal Agente do seu próprio Sacrifício, no que não pode na realidade ser substituído por ninguém.[9]
Uma vez que faz parte da própria natureza da Igreja que o poder de consagrar a Eucaristia seja outorgado somente aos Bispos e aos Presbíteros, os quais são constituídos Ministros para isso, mediante a recepção do sacramento da Ordem, a mesma Igreja professa que o Mistério eucarístico não pode ser celebrado em nenhuma comunidade a não ser por um Sacerdote ordenado, conforme ensinou expressamente o Concílio Ecuménico Lateranense IV.[10]
A cada um dos fiéis ou às comunidades que por motivo de perseguição ou por falta de Sacerdotes se vejam privadas da celebração da Sagrada Eucaristia, durante breve tempo ou mesmo durante um período longo, não faltará de alguma maneira, a graça do Redentor. Se estiverem animados intimamente pelo voto do Sacramento e unidos na oração com toda a Igreja invocarem o Senhor e elevarem para Ele os próprios corações, tais fiéis e comunidades vivem, por virtude do Espírito Santo, em comunhão com a Igreja, corpo vivo de Cristo, e com o mesmo Senhor. Mediante o voto do Sacramento em união com a Igreja, ainda que estejam muito afastados externamente, estão unidos a ela íntima e realmente e, por isso, recebem os frutos do Sacramento; ao passo que aqueles que procuram atribuir-se indevidamente o direito de realizar o Mistério eucarístico acabam por fechar em si mesma a própria comunidade. [11]
A consciência disto não dispensa, contudo, os Bispos, os Sacerdotes e todos os membros da Igreja do dever de pedir ao « Senhor da messe que mande trabalhadores » segundo as necessidades dos homens e dos tempos (cf. Mt 9, 37 ss), e de se aplicarem com todas as forças para que seja ouvida e acolhida, com humildade e generosidade, a vocação do Senhor ao Sacerdócio ministerial.
IV – EXORTAÇÃO À VIGILÂNCIA
Ao propor à atenção dos Pastores sagrados da Igreja estes pontos, a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé tem o desejo de prestar-lhes um serviço no seu ministério, de apascentar a grei do Senhor com o alimento da verdade, de guardar o depósito da fé e de conservar íntegra a unidade da Igreja. É necessário resistir, firmes na fé, ao erro, mesmo quando este se apresenta sob as aparências de piedade, para poder abraçar com a caridade do Senhor os que erram, professando a verdade na caridade (cf. Ef 4, 15). Os fiéis que atentam a celebração da Eucaristia à margem do vínculo da sucessão apostólica, estabelecido com o sacramento da Ordem, excluem-se a si mesmos da participação na unidade do único corpo do Senhor e, por conseqüência, não nutrem nem edificam a comunidade, mas destroem-na.
Incumbe, pois, aos Pastores de almas o múnus de vigiar, para que na catequese e no ensino da Teologia não continuem a ser difundidas as opiniões errôneas acima mencionadas, e especialmente para que elas não encontrem aplicação concreta na prática; e se porventura se dessem casos do gênero, incumbe-lhes o sagrado dever de denunciá-los como totalmente estranhos à celebração do Sacrifício eucarístico e ofensivos da comunhão eclesial. E têm o mesmo dever em relação àqueles que diminuem a importância central dos sacramentos da Ordem e da Eucaristia para a Igreja. Também a eles, efetivamente, são dirigidas estas palavras: « Prega a palavra, insiste a tempo e fora de tempo, exorta com toda a longanimidade e desejo de instruir... “Vigia atentamente, resiste à provação, prega o Evangelho e cumpre o teu ministério» (2 Tim 4, 2-5).
Que a solicitude colegial encontre, pois, nestas circunstâncias, uma aplicação concreta, de modo que a Igreja mantendo-se indivisa, mesmo dada a sua variedade de Igrejas locais que colaboram conjuntamente, [12] guarde o depósito que lhe foi confiado por Deus através dos Apóstolos. A fidelidade à vontade de Cristo e a dignidade cristã exigem que a fé transmitida permaneça a mesma e assim proporcione a todos os fiéis a paz na fé (cf. Rom 15, 13).
O Sumo Pontífice João Paulo II, em Audiência concedida ao abaixo assinado Cardeal Prefeito, aprovou a presente Carta, decidida na reunião ordinária desta S. Congregação, e ordenou a sua publicação.
Roma, da Sede da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, aos 6 dias do mês de Agosto, Festa da Transfiguração do Senhor, do ano de 1983.

Joseph Card. Ratzinger
Prefeito
+ Fr. Jérôme Hamer, O. P.
Arcebispo tit. de Lorium
Secretário


REDEMPTIONIS SACRAMENTUM

 MINISTÉRIOS EXTRAORDINÁRIOS DOS FIÉIS LEIGOS
[146.] O sacerdócio ministerial não pode ser substituído em modo algum. Com efeito, se falta o sacerdote na comunidade, esta carece do exercício e da função sacramental de Cristo, Cabeça e Pastor, que pertence à essência da mesma vida comunitária. [247] Posto que «só o sacerdote, validamente ordenado, é o ministro capaz de gerar o sacramento da Eucaristia, atuando in persona Christi» (na pessoa do Cristo).[248]
[147.] Sem dúvida, aonde a necessidade da Igreja assim o aconselhe, faltando os ministros sagrados, podem os fiéis leigos suprir algumas tarefas litúrgicas, conforme às normas do direito.[249] Estes fiéis são chamados e designados para desempenhar umas tarefas determinadas, de maior ou menor importância, fortalecidos pela graça do Senhor. Muitos fiéis leigos se têm dedicado e se continuam dedicando com generosidade a este serviço, sobretudo nos países de missão, onde a Igreja está pouco difundida, ou se encontra em circunstâncias de perseguição,[250] mas também em outras regiões afetadas pela escassez de sacerdotes e diáconos.
[148.] Sobretudo, deve se considerar de grande importância a formação dos catequistas, que com grandes esforços têm dado e prosseguem dando uma ajuda extraordinária e absolutamente necessária ao crescimento da fé e da Igreja.[251]
[149.] Muito Recentemente, em algumas dioceses de antiga evangelização, são designados fiéis leigos como «assistentes pastorais», muitíssimos dos quais, sem dúvida, têm sido úteis para o bem da Igreja, facilitando a ação pastoral desempenhada pelo Bispo, os presbíteros e os diáconos. Vigie-se, sem dúvida, que a determinação destas tarefas não se assimile demasiado à forma do ministério pastoral dos clérigos. Portanto, se deve cuidar que os «assistentes pastorais» não assumam aquilo que propriamente pertence ao serviço dos ministros sagrados.
[150.] A atividade do assistente pastoral se dirige a facilitar o ministério dos sacerdotes e diáconos, a suscitar vocações ao sacerdócio e ao diaconato e, de acordo com as normas do direito, a preparar cuidadosamente os fiéis leigos, em cada comunidade, para as distintas tarefas litúrgicas, de acordo com a variedade dos carismas.
[151.] Somente por verdadeira necessidade se recorra ao auxilio de ministros extraordinários, na celebração da Liturgia. Porque isto não está previsto para assegurar uma plena participação aos leigos, mas sim que, por sua natureza, ou suplementação e provisoriedade.[252] Além disso onde, por necessidade, recorra-se ao serviço dos ministros extraordinários, multipliquem-se especiais e fervorosas petições para que o Senhor envie um sacerdote para o serviço da comunidade e suscite abundantes vocações às sagradas ordens.[253]
[152.] Portanto, estes ministérios de mera suplência não devem ser ocasião de uma deformação do mesmo ministério dos sacerdotes, de modo que estes descuidem da celebração da santa Missa pelo povo que lhes tem sido confiado, ou descuidem da pessoal solicitude com os enfermos, do cuidado do Batismo das crianças, da assistência aos matrimônios, da celebração das exéquias cristãs, que antes de tudo é próprio dos sacerdotes, ajudados pelos diáconos. Assim pois, não aconteça que os sacerdotes, nas paróquias, modifiquem indiferentemente, com diáconos ou leigos, as tarefas pastorais, confundindo desta maneira as ações específicas de cada um.
[153.] Além disso, nunca é lícito aos leigos assumir as funções ou as vestes do diácono, ou do sacerdote, ou outras vestes similares.
1. O ministro extraordinário da Sagrada Comunhão
[154.] Como já se tem lembrado, «só o sacerdote validamente ordenado é o ministro capaz de gerar o sacramento da Eucaristia, atuando in persona Christi».[254] Pois o nome de «ministro da Eucaristia» só se refere, propriamente, ao sacerdote. Também, em razão da sagrada Ordenação, os ministros ordinários da sagrada Comunhão são: o Bispo, o presbítero e o diácono,[255] aos que correspondem, portanto, administrar a sagrada Comunhão aos fiéis leigos, na celebração da santa Missa. Desta forma se manifesta adequada e plenamente sua tarefa ministerial na Igreja, e se realiza o sinal do sacramento.
[155.] Além dos ministros ordinários, está o acólito instituído ritualmente, como ministro extraordinário da sagrada Comunhão, inclusive fora da celebração da Missa. Todavia, só o aconselham em razões de verdadeira necessidade, conforme às normas do direito,[256] o Bispo diocesano pode delegar também outro fiel leigo como ministro extraordinário, quer seja por um momento, quer seja por um tempo determinado, recebida na maneira devida a benção. Sem dúvida, este ato de designação não tem necessariamente uma forma litúrgica, nem de modo algum e lugar, possa-se imitar a sagrada Ordenação. Só em casos especiais e imprevistos, o sacerdote que preside a celebração eucarística pode dar um permissão ad actum.[257]
[156.] Neste ministério, entendendo-se conforme o seu nome em sentido estrito, o ministro é um extraordinário da sagrada Comunhão, jamais um «ministro especial da sagrada Comunhão», nem «ministro extraordinário da Eucaristia», nem «ministro especial da Eucaristia»; com o uso destes nomes, amplia-se indevida e impropriamente o seu significado.
[157.] Se habitualmente há número suficiente de ministros sagrados também para a distribuição da sagrada Comunhão, não se podem designar ministros extraordinários da sagrada Comunhão. Em tais circunstâncias, os que têm sido designados para este ministério, não o exerçam. Reprove-se o costume daqueles sacerdotes que, a pesar de estar presentes na celebração, abstém-se de distribuir a Comunhão, delegando esta tarefa a leigos.[258]
[158.] O ministro extraordinário da sagrada Comunhão poderá administrar a Comunhão somente na ausência do sacerdote ou diácono, quando o sacerdote está impedido por enfermidade, idade avançada, ou por outra verdadeira causa, ou quando é tão grande o número dos fiéis que se reúnem à Comunhão, que a celebração da Missa se prolongaria demasiado.[259] Por isso, deve-se entender que uma breve prolongação seria uma causa absolutamente suportável, de acordo com a cultura e os costumes próprios do lugar.
[159.] Ao ministro extraordinário da sagrada Comunhão nunca lhe está permitido delegar nenhum outro para administrar a Eucaristia, como, por exemplo, os pais, o esposo ou filho do enfermo que vai a comungar.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Disciplina Litúrgica.

Aprendam de um Bispo católico como deve ser a Liturgia, e o que deseja o Papa. Vejam o que diz o Bispo sobre os abusos liturgicos. Nosso tempo esta doente de uma doença grave que é a apostasia e a secularização. Vejam a lição de Bento XVI e aprendam de uma vez.

Este video é mais longo, mas é bem completo. Ensina Padre Paulo Ricardo, que foi Reitor de Seminários e ainda é Professor sobre o que é a Liturgia. Atenção, a missa é a missa do Missal Romano. O que nos oferecem hoje é muitas vezes um protótipo de missa, quando não chega a ser uma fraude. 
2 Timóteo 4; 3-5.. "Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a Sã Doutrina. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidade arregimentarão mestres 4 e afastarão os ouvidos da Verdade a fim de voltá-los para os mitos.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O Sacrifício da Santa Missa

Sempre buscar chegar alguns minutos antes na Igreja para se recolher na oração e, sendo necessário, confessar para poder comungar.
O Altar é o centro e a razão de ser da Igreja. Todo Altar é de pedra, pois é sobre a pedra que se realiza um Sacrifício. Ao entrar na Igreja é necessário molhar os dedos na água benta e fazer o Sinal da Cruz. Dessa forma, se encaminha até o lugar em que se deve rezar. Se faz a genuflexão (ato de adoração pelo qual dobramos nosso joelho direito até tocar o solo e voltamos à posição normal) em direção ao Altar e se ajoelha para rezar.
 A genuflexão deve ser feita quando entramos na Igreja, antes de sair da Igreja e cada vez que passamos na frente do Sacrário. Outro modo de genuflexão é com os dois joelhos sempre que o Sacrário estiver aberto, ou quando um Padre estiver elevando a Hóstia na consagração de uma Missa, ou ainda se o Padre estiver distribuindo a comunhão. Também devemos fazer esta genuflexão com os dois joelhos quando o Santíssimo Sacramento estiver exposto na Custódia, para nossa adoração.
No sacrifício da Missa devemos estar vestidos corretamente, sem bermudas ou shorts, sem chinelos, mas bem calçados, sem camisetas de alça, mas com camisas de mangas. Os homens e rapazes devem evitar as blusas com desenhos espalhafatosos, de esportes e coisas parecidas. As mulheres não podem entrar numa igreja com os ombros descobertos, sem mangas ou com mini-saias.
Fonte:Internet
Desde São Paulo até bem pouco tempo sempre foi pedido às mulheres que cobrissem a cabeça dentro da Igreja. Esse é o costume que mantemos em nossas igrejas. Não somente porque está assim na Bíblia, mas também porque isso favorece o recolhimento e a oração.
As mulheres devem ir de saias porque as calças compridas dão a elas um ar menos feminino, diminuindo a distinção entre os sexos e favorecendo uma atitude menos recatada. Também por isso a saia deve ser abaixo do joelho. Estes são os critérios para as vestimentas em nossas Capelas e isso tem mantido um ambiente muito bom, próprio para a oração.
Após a Comunhão, carregamos Jesus no coração. Toda nossa atenção deve estar voltada ao Hóspede Divino que nos vem visitar com tanto amor e misericórdia. Uma atitude compenetrada, o olhar voltado para baixo, silêncio na alma e no corpo. Chegando ao nosso lugar, ficamos de joelhos, procuramos fechar os olhos e rezar em silêncio, saboreando este encontro sublime com Nosso Salvador. Podemos também, para ajudar a concentração, rezar as orações tradicionais de “ação de graças”, como se encontram no próprio missal ou nos livros de oração.
Posição que devemos adotar ao longo da missa?
De joelhos:
- orações ao pé do Altar até o final do Kyrie (nas missas de roxo ou preto até o fim da Coleta)
- do final do Sanctus até antes do Pai Nosso
- do Agnus Dei, durante toda a Comunhão, até que o padre venha rezar a antífona da Comunhão
- na bênção final
De pé:
- no Glória
- no Evangelho
- no Orate Fratres até o fim do Sanctus
- no Pai-Nosso até o Agnus Dei
- na antífona da comunhão até o fim do Ite Missa Est.
- no último Evangelho
Sentado:
- durante a Epístola até que o Padre entoe o Evangelho
- durante o Ofertório até que o Padre entoe o Orate Fratres
- é permitido, mas não recomendado, sentar-se após o Sacrário ser fechado, depois da Comunhão (nunca se sentar durante a distribuição da Comunhão ou com o Sacrário aberto).
Seria uma falta não estar de joelhos: (salvo doença)
- na consagração
- a partir do Ecce Agnus Dei, quando o padre mostra a Hóstia,  até que o Sacrário seja fechado
- na bênção final
A paz de Jesus e o Amor de Maria!




PEQUENO MANUAL DO CATÓLICO
A Missa e outras obrigações

O Santo Sacrifício da Missa

1) O que é a Missa?
A missa é o sacrifício da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo que se realiza sobre o altar.

2) Como pode ser a Missa o sacrifício de Jesus se este morreu na Cruz há dois mil anos?
Pelo rito da Santa Missa, o mesmo sacrifício realizado há dois mil anos torna-se presente novamente, de um modo novo, um modo sacramental, ritual, incruento, ou seja, sem derramamento do Sangue, mas verdadeiro e eficaz.

3) Porque dizemos que a missa é o mesmo sacrifício, presente de modo sacramental?
Por que nela aquele mesmo sacrifício de Jesus se apresenta diante de nós através de sinais sensíveis que realizam a graça sacramental. Estes sinais, no caso da missa são as espécies consagradas, o pão e o vinho que, na consagração, se transformam no Corpo e Sangue de Jesus pelas palavras que o sacerdote pronuncia.

4) A Missa é, então, um Sacramento?
Sim, a Missa é a cerimônia na qual se realiza o Sacramento da Eucaristia, que é a presença real de Jesus na hóstia consagrada.

5) Essa presença de Jesus na hóstia consagrada é um símbolo de Jesus?
Não podemos dizer que seja apenas um símbolo. Jesus está realmente presente com todo seu ser. Toda a natureza humana e toda a natureza divina estão presentes na Sagrada Hóstia. Toda a substância do pão e do vinho se transformaram milagrosamente no Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo.

6) A Igreja católica dá um nome especial a esta transformação?
Sim, a Igreja definiu o termo de “transubstanciação” como sendo o único capaz de exprimir o milagre que se opera na transformação do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Jesus.

7) Porque dizemos que a Missa é um sacrifício eficaz?
Por que pela presença real de Jesus nós recebemos não apenas a graça sacramental da Eucaristia, mas o autor mesmo da graça, Jesus Cristo, nosso Deus, a quem adoramos de joelhos. A presença real de Jesus é a maior graça que uma alma pode receber nesta vida.

8) De que modo podemos receber Jesus na Eucaristia?
Pela Santa Comunhão. Sendo um sinal sensível do sacrifício de Cristo, quando comungamos, recebemos Jesus como alimento de nossas almas. Ele vem ao nosso coração de um modo muito real e eficaz.

9) Como podemos nos preparar para receber Jesus no coração?
Antes de tudo, uma boa confissão, um arrependimento sincero dos nossos pecados. Devemos também viver sempre na presença de Deus, consagrando nosso dia a Ele, desde o levantar e agradecendo sempre as graças recebidas ao deitar. Na Santa Missa, estar atento ao que acontece no altar, de preferência seguindo o texto mesmo da missa no missal.

10) Existe algum momento da missa que seja mais importante do que outros?
O mais importante momento da missa é a Consagração. Assim que foram ditas as palavras da forma sacramental, o padre eleva a hóstia e o cálice para serem vistos pelos fiéis. Todos devem estar de joelhos, compenetrados, silenciosos e em adoração.

11) Existe algum outro momento em que devemos estar de joelhos obrigatoriamente?
Sim. Quando o sacrário está aberto, quando a comunhão é distribuída aos fiéis, quando o padre dá a bênção final.


O templo de Deus

A Igreja é a casa de Deus. Lugar de oração, lugar de silêncio. Nela, nada de profano deve entrar. Toda a vida de uma igreja gira em torno das coisas de Deus, principalmente do seu culto, do seu louvor, do seu sacrifício.

12) Qual é a parte principal de uma igreja?
É o altar. Ele é o centro e a razão de ser da igreja. Todo altar é de pedra, pois é sobre a pedra que se realiza um sacrifício. No Antigo Testamento vemos diversos exemplos de sacrifícios oferecidos sobre altares de pedra. Noé, quando sai da arca; Abraão quando vai sacrificar Isaac; Jacó quando acorda do sonho etc.
A Igreja mantém este costume. Mas o sacrifício oferecido já não é apenas figurativo do verdadeiro sacrifício, como no Antigo Testamento, mas o próprio sacrifício por excelência, o único agradável a Deus, o sacrifício de seu Filho.

13) Qual a primeira coisa que devemos fazer ao entrar numa igreja?
Molhando os dedos na água benta, fazemos o Sinal da Cruz. Caminhamos até o lugar em que vamos rezar, fazemos a genuflexão e nos ajoelhamos para rezar.

14) O que é uma genuflexão?
É um ato de adoração pelo qual dobramos nosso joelho direito até tocar o solo e voltamos à posição normal.

15) Em que momento devemos fazer a genuflexão?
Quando entramos na igreja, antes de sair da igreja e cada vez que passamos na frente do sacrário.

16) Existe algum outro tipo de genuflexão?
Sim. Devemos genuflectir com os dois joelhos sempre que o Sacrário estiver aberto, ou que um padre estiver elevando a hóstia na consagração de uma missa e que entrarmos nessa hora na igreja, ou ainda se o padre estiver distribuindo a comunhão. Também devemos fazer esta genuflexão com os dois joelhos quando o Santíssimo Sacramento estiver exposto na Custódia, para nossa adoração.

17) Como se faz esta genuflexão com os dois joelhos?
Devemos nos por de joelhos completamente, fazer uma leve inclinação com a cabeça e nos levantar-mos em seguida.

18) Além da água benta, da genuflexão e da oração, o que mais se pede quando se entra numa igreja?
Devemos estar vestidos corretamente, sem bermudas ou shorts, sem chinelos mas bem calçados, sem camisetas de alça, mas com camisas de mangas. Os homens e rapazes devem evitar as blusas com desenhos espalhafatosos, de esportes e coisas parecidas. As mulheres não podem entrar numa igreja com os ombros descobertos, sem mangas ou com mini-saias.

19) É obrigatório para as mulheres o uso do véu?
Desde São Paulo até bem pouco tempo sempre foi pedido às mulheres que cobrissem a cabeça dentro da Igreja. Esse é o costume que mantemos em nossas igrejas. Não somente porque está assim na Bíblia, mas também porque isso favorece o recolhimento e a oração.

20) Porque as mulheres devem vir à igreja de saias?
Porque as calças compridas dão a elas um ar menos feminino, diminuindo a distinção entre os sexos e favorecendo uma atitude menos recatada. Também por isso a saia deve ser abaixo do joelho. Estes são os critérios para as vestimentas em nossas capelas e isso tem mantido um ambiente muito bom, próprio para a oração.

21) Como podemos saber que a Sagrada Hóstia está presente no Sacrário?
O principal sinal da presença do Santíssimo é o véu que cobre o Sacrário. Este véu se chama “conopeu” e costuma ter a cor dos paramentos do dia. Além do conopeu, deve sempre haver uma lamparina acesa perto do Sacrário.

22) Se o Sacrário estiver vazio, devemos fazer a genuflexão?
Não. Diante do Sacrário vazio fazemos apenas uma profunda inclinação ao altar e ao Crucifixo. Neste caso a lamparina deve estar apagada e o conopeu levantado ou ausente.


A Missa vai começar

23) Em que momento devemos entrar na igreja para o início da Missa?
Devemos chegar sempre alguns minutos antes para nos recolhermos na oração, preparar o missal e, sendo necessário, nos confessarmos para poder comungar.

24) É permitido chegar atrasado na Missa?
Não é permitido chegar atrasado porque seria uma falta de respeito para com Deus, além de evidente prejuízo espiritual para as almas.

25) Existe alguma ordem formal da Igreja sobre isso?
Sim, um dos mandamentos da Igreja diz: assistir missa completa todos os domingos.

26) E se acontecer algum imprevisto no meio do caminho?
A Igreja tolera pequenos atrasos não culposos. Por isso ela considera que, chegando na missa dominical (ou festa de preceito) até o Evangelho, pode-se ainda comungar.  É preciso, no entanto, evitar sempre o atraso. O prejuízo é muito grande quando se perde as leituras e o sermão da missa.

27) Qual o melhor lugar para se assistir à missa?
Em princípio qualquer banco da igreja deveria servir para a boa assistência. Na prática, constata-se que as pessoas que ficam no fundo têm a tendência a se dispersar, se distrair, conversar, fazer sinais aos vizinhos, chamando a atenção para coisas que distraem do essencial. Evidentemente estes costumes são prejudiciais para as almas e podem chegar a ser pecado.

28) Qual o melhor modo de se assistir à Missa?
Usando o missal Latim-Português podemos acompanhar as belíssimas orações que a Igreja reza durante o Santo Sacrifício. Com o missal, também podemos acompanhar melhor os gestos e ritos que são explicados passo a passo.

29) Existe um modo de se entender melhor as diversas orações que compõem uma missa?
Uma divisão lógica dos textos pode ajudar a se localizar:
Devemos antes de tudo distinguir entre
Ordinário da Missa: são as orações fixas que se rezam em todas as missas
Próprio da Missa: são as orações daquele dia em particular.
No Próprio de toda missa existem:
- 3 antífonas : Intróito, Ofertório e Comunhão – As antífonas são pequenos textos que introduzem um salmo. Na missa, os salmos que seguem estas 3 antífonas ficam reduzidos a um versículo, como podemos ver no missal.
- 3 orações: Coleta, Secreta e Pós-comunhão – A Coleta é a oração sobre os fiéis, nossas necessidades espirituais. A Secreta é a oração sobre as secretas, termo antigo que designava o pão e vinho separados no Ofertório para serem consagrados. A pós-comunhão é a oração de ação de graças pelo alimento sacramental que acabamos de receber.
- 2 leituras, Epístola e Evangelho. Entre as duas curtas meditações que variam de acordo com a época do Ano Litúrgico: Gradual, Aleluia, Trato.

30) Existe ainda outras divisões que possam ajudar a assistir à Missa?
Sim. Considerando a missa de modo cronológico, podemos distinguir três partes.

31) Como se chama a primeira parte da missa?
Chama-se Missa dos Catecúmenos. Assim chamada porque, sendo formada pela parte penitencial e de instrução, era assistida também pelas pessoas que se preparavam para o batismo (os catecúmenos). Estes deviam deixar a igreja após o Credo. Os Santos Mistérios só podiam ser assistidos pelos batizados. Já não se tem este costume, mas o nome permanece. Também se chama a esta parte de Ante-missa.

32) Quais as orações da Missa dos Catecúmenos?
Orações ao pé do altar, com o Salmo Judica me (42) e o Confiteor.
Intróito, Coleta e a parte da Instrução: epístola, evangelho, sermão e o Credo, que é a profissão de fé católica.

33) Qual a segunda parte da Missa?
É a Missa dos Fiéis. Na antiguidade, todos os que, já sendo batizados e tendo podido confessar-se, estavam aptos para assistir o Santo Sacrifício e comungar.

34) Quais as orações ou partes da Missa dos Fiéis?
Ofertório, com o oferecimento do pão e do vinho que serão consagrados
Prefácio, longo canto que exprime o mistério da missa do dia.
Cânon, parte central da Missa. São as mais belas orações que o padre reza em silêncio e que têm seu ápice na Consagração.
Pai Nosso, rezado apenas pelo celebrante porque este ocupa o lugar de Cristo, que o rezou sozinho para ensinar aos Apóstolos
Comunhão
Orações finais

35) Qual a posição que devemos adotar ao longo da missa?
De joelhos:
- orações ao pé do altar até o final do Kyrie (nas missas de roxo ou preto até o fim da Coleta)
- do final do Sanctus até antes do Pai Nosso
- do Agnus Dei, durante toda a comunhão, até que o padre venha rezar a antífona da comunhão
- na bênção final

De pé:
- no Glória
- no Evangelho
- no Orate Fratres até o fim do Sanctus
- no Pai-Nosso até o Agnus Dei
- na antífona da comunhão até o fim do Ite Missa Est.
- no último Evangelho

Sentado:
- durante a Epístola até que o padre entoe o Evangelho
- durante o ofertório até que o padre entoe o Orate Fratres
- é permitido, mas não recomendado, sentar-se após o sacrário ser fechado, depois da comunhão (nunca se sentar durante a distribuição da comunhão ou com o sacrário aberto).

Seria uma falta não estar de joelhos: (salvo doença)
- na consagração
- a partir do Ecce Agnus Dei, quando o padre mostra a hóstia,  até que o Sacrário seja fechado
- na bênção final

36) O que se deve fazer após a comunhão?
Quando nos levantamos da mesa de comunhão, carregamos Jesus no coração. Toda nossa atenção deve estar voltada ao hóspede divino que nos vem visitar com tanto amor e misericórdia. Uma atitude compenetrada, o olhar voltado para baixo, silêncio na alma e no corpo. Chegando ao nosso lugar, ficamos de joelhos, procuramos fechar os olhos e rezar em silêncio, saboreando este encontro sublime com Nosso Salvador. Podemos também, para ajudar a concentração, rezar as orações tradicionais de “ação de graças”, como se encontram no próprio missal ou nos livros de oração.

37) Quando o padre sai da igreja, no final da missa, devemos sair também?
Quanto vale um só instante com Jesus presente em nós? Vale a pena prolongar nossas orações e nosso silêncio, principalmente se considerarmos que durante a semana, são raros os momentos de silêncio e oração. Fiquemos alguns instantes com Jesus em ação de graças, após a Santa Missa. O padre também volta à igreja para rezar sua ação de graças. Procuremos não impedi-lo, com nossas necessidades, de fazer sua ação de graças.


O uso do missal

38) Como podemos nos localizar melhor quando seguimos a missa no missal?
- O Ordinário da Missa fica no meio do missal. Ponha um marcador reservado para o Ordinário. É a parte fixa que se reza em todas as missas.
- Temporal : Toda a parte que precede o Ordinário é chamado de Temporal (missas próprias para o tempo): engloba todas as missas dos domingos ao longo do ano além de algumas outras missas que podem cair em dia de semana mas que estão inseridas nos mistérios da vida de Jesus Cristo: Natal, Epifania  e outras. Ponha um marcador reservado também para esta parte
- Santoral : Logo depois do Ordinário vem o Santoral. Missas dos Santos. Dividido em duas partes:
            - Comum dos Santos – são missas indicadas para diversos santos : comum dos confessores, ou comum dos mártires etc. No dia do santo está indicada a página quando se deve usar a missa do comum. Ponha um marcador par o Comum dos santos.
            - Próprio dos Santos – são as missas indicadas no dia mesmo do santo. Junto com a missa vem uma breve notícia histórica sobre a vida do santo. Vale a pena abrir todos os dias o missal para acompanhar os santos de cada dia. Ponha um marcador para o próprio dos santos.
- Missas votivas – São missas que rememoram algum mistério fora de época, para quando não houver nenhuma missa indicada naquele dia.
- Missa dos defuntos – todas as orações que devemos fazer nos enterros e nas doenças graves para pedir a Deus pelos nossos parentes e amigos.
- Manual de orações – muitas orações, ladainhas, consagrações, hinos, cânticos se encontram ainda no fim do missal. Não deixe de conhecer profundamente todas elas.

Outras obrigações dos fiéis

39) Além da assistência à Santa Missa, o que mais é pedido aos fiéis?
A Santa Igreja em sua sabedoria e para o bem de nossas almas, maior glória de Deus e para nossa salvação, pede ainda outras obrigações, que devemos procurar realizar com espírito de obediência e amor por Deus Nosso Senhor. São os chamados “Mandamentos da Igreja”.

40) Quais são esses Mandamentos?
São cinco:
- Assistir a missa inteira aos domingos e dias Santos de Guarda
- Confessar-se uma vez por ano pelo menos
- Comungar por ocasião da Páscoa
- Fazer jejum e abstinência nos dias prescritos
- Dar o dízimo segundo o costume

41) Porque a Igreja nos obriga a confessar e comungar na Páscoa?
Sendo a mais importante festa do Ano Litúrgico, centro dos mistérios da vida de Nosso Senhor, a Igreja considera que todos os católicos devem realizar este mínimo de amor por Jesus Sacramentado. Não significa que esta comuhão seja suficiente. O ideal seria que comungássemos todos os domingos. Mas a obrigação da comunhão pascal nos impele a fazer um bom exame de consciência. Quantas pessoas receberam a graça da conversão devido à confissão para a comunhão pascal.

42) Quais os dias Santos de Guarda?
Na Igreja Universal são dias santos de Guarda:
- Oitava de Natal (1º de janeiro)
- Epifania (6 de janeiro)
- São José (19 de março)
- Ascensão de Nosso Senhor
- Corpus Christi
- São Pedro e São Paulo (29 de junho)
- Assunção de N. Senhora (15 de agosto)
- Todos os Santos (1º de novembro)
- N. Sra da Conceição (8 de dezembro)

Em cada país a legislação muda quanto aos dias feriados. Todos os católicos devem fazer um esforço para ir à Santa Missa nos dias santos de Guarda quando não for feriado.

43) Quais os dias de jejum obrigatório?
Atualmente, apenas na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. Mas o espírito da Quaresma nos move a jejuar com maior frequência, mesmo não sendo de obrigação. Leia mais sobre o jejum e a abstinência

44) Ainda é de rigor a abstinência de carne nas sextas-feiras?
Sim. Toda sexta-feira do ano devemos nos abster de comer carne (podemos comer peixe), em honra e em memória das dores da  Paixão de Cristo.

45) Porque existe a obrigação do dízimo?
Os padres não recebem salários, mas se dedicam em tempo integral às almas. Vivem atentos a todas as necessidades espirituais, e muitas vezes, às necessidades materiais dos seus fiéis. Nada mais justo que as famílias prevejam a subsistência do seu padre.

46) Como se paga o dízimo em nossas Capelas?
Cada família costuma deixar no início do mês uma quantia para este fim. Ela varia de acordo com as possibilidades de cada. Mas todos devem estar atentos para não faltar, de modo a cumprir esta grave obrigação que a Igreja nos impõe, em nome da Caridade e que não deixa de reverter-se para o bem dos próprios fiéis.







O JEJUM E A ABSTINÊNCIA

Com o intuito de fazer penitência por nossos pecados, de melhor nos dispor para a oração e de estar unidos aos sofrimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Santa Igreja nos pede, nos tempos de penitência, que ofereçamos jejum e abstinência a Deus.

O Jejum: Praticado desde toda a Antiguidade pelo povo eleito, como sinal de arrependi­mento, praticado por Nosso Senhor Jesus Cristo e por todos os santos, recomendado pela Santa Igreja como instrumento de santificação da alma, de controle do corpo e equilíbrio emocional, o jejum obrigatório foi sendo reduzido ao longo dos séculos.

Quando devemos jejuar por obrigação? Na Quarta-feira de cinzas, abertura da Quaresma Na Sexta-feira Santa, dia da morte de Nosso Senhor. 

No entanto, todos os católicos devem ter a mortificação e o jejum presentes em suas vidas ao longo do ano, principalmente durante o Advento, a Quaresma e nas Quatro Têmporas, tendo sempre o espírito mortificado, fugindo do excesso de conforto e prazeres e, na medida do possível, oferecendo alguns sacrifícios a Deus, seja no comer, no beber, nas diversões (televisão principal­men­te), nos desconfortos que a vida oferece (calor, trabalho, etc.), sabendo suportar os outros, tendo paciência em tudo.

Assim sendo, mesmo não sendo obrigatório, continua sendo recomendado o jejum nas Quartas e Sextas da Quaresma e do Advento, guardando-se sempre o espírito pronto para as pequenas mortificações também nos demais dias.
Quem deve jejuar? 

As pessoas maiores de 21 anos são obrigadas. Mas é evidente que os adolescentes podem muito bem oferecer esse sacrifício sem prejuízo para a saúde. Quanto às crianças menores, mesmo alimentando-se bem, devem ser orientadas no sentido de oferecer pequenos sacrifícios, e acompanhar a frugalidade das refeições. As pessoas doentes podem ser dispensadas (é sempre bom pedir a permissão ao padre). As pessoas com mais de sessenta anos não têm obrigação de jejuar, mas podem fazê-lo se não houver perigo para a saúde.
Como jejuar nos dias de jejum obrigatório? - Café da manhã mais simples que de hábito: uma xícara de café puro, um pedaço de pão, uma fruta.
- Almoço normal, mas sem carne (peixe pode), sem doces e sobremesas mais apetitosas, sem bebidas alcoólicas ou refrigerantes.
- No jantar, um copo de leite ou um prato de sopa, um pedaço de pão, uma fruta. São inúmeras as passagens das Sagradas Escrituras referentes ao jejum. Eis algumas poucas referências: II Reis XII,16 Tobias XII,8 Daniel I, 6-16 S. Mateus IV,1  S. Mateus VI, 17 S. Mateus XVII,20 Atos XIV,22 II Coríntios VI,5

A Abstinência de carne

 Dentro do mesmo espírito de mortificação, pede-nos a Santa Madre Igreja a mortificação de não comer carne às sextas-feiras, o ano todo, de modo a honrar e adorar a santa morte de Nosso Senhor. (ficam excluídas as sextas-feiras das grandes festas, segundo a orientação do padre). 
A abstinência ainda é praticada e, diferente do jejum, começa desde a adolescência, a partir dos quatorze anos.
Nas sextas-feiras do ano, e mais ainda durante os tempos de penitência, saibamos oferecer esse pequeno sacrifício a Nosso Senhor. Se vamos a um restaurante, peçamos peixe (muitos restaurantes ainda hoje servem pratos de peixe nas sextas-feiras).

O Jejum eucarístico

O jejum eucarístico é o fato de se comungar sem nenhum alimento comum no estômago, em honra à Santíssima Eucaristia. 
O espírito do jejum eucarístico  é de receber a Santa Comunhão como primeiro alimento do dia. Quando o Papa Pio XII modificou a disciplina do jejum eucarístico, devido à guerra, salientou que todos os que podiam deviam praticar esse jejum, chamado natural : só tomar alimento depois da comunhão. Quem assiste à Santa Missa cedo pode, muitas vezes, praticar esse jejum.
Apesar da lei eclesiástica em vigor determinar apenas uma hora antes da comunhão para o jejum eucarístico, todos os padres sérios pedem a seus fiéis que se esforçem para deixar três horas, visto que uma hora não chega a ser nem mesmo um sacrifício.
Caso as crianças ou pessoas debilitadas precisarem tomar algo antes da comunhão, com menos de três horas, procurem, ao menos, tomar apenas líquido, um copo de leite, por exemplo. Porém, tendo se alimentado com menos de uma hora antes da hora da comunhão, não se deve, de modo algum, se aproximar da Sagrada Mesa.

O jejum, a abstinência e o confessionário

Como o jejum e a abstinência fazem parte dos mandamentos da Igreja, devemos nos empenhar  para praticá-los por amor de Deus. Caso haja alguma negligência ou fraqueza da nossa vontade que nos leve a quebrar o santo jejum ou a abstinência, devemos nos arrepender por não termos obedecido ao que nos ordena nossa Santa Madre Igreja, confessando-nos por termos assim ofendido a Deus. Nos casos de esquecimento, devemos substituir essa obra por outra equivalente, como fazer o jejum em outro dia, rezar um terço, etc. É sempre bom lembrar que a água pura não quebra o jejum. As pessoas inclinadas à mortificação e ao jejum  não devem nunca determinar um aumento de penitência sem o consentimento explícito do sacerdote responsável. O demônio usa muito o excesso de penitência corporal para enfraquecer a alma. Tudo fazer na obediência. 

Arquivo do blog